sexta-feira, 28 de outubro de 2011

ODE AO PODRE





Esse poema nasceu num restaurante



Vede que sábias
são as bactérias,
que não precisam de sexo nem de dias
para se multiplicarem.
Vede que superiores
são os vermes
que cedo ou tarde sempre acabam por nos devorar.
Vede que vida carrega
o estrume e os seres decompostos
que adubam a terra e fazem crescer as plantas.
Vede que benefício há no vômito,
que depois de vomitado nos traz alívio.
Vede a remela, o catarro, o pus,
coisas pegajosas e úteis do nosso corpo
(que minha avaliadora sabiamente
propôs que fosse tema para um novo assunto).

Varejeiras pousam em nossas comidas,
micróbios habitam nosso corpo.
Bebamos a água infectada
por toda porcaria existente.

O verdadeiro sentido está na podridão e na eiva,
nesse lugar onde mentes são imundas
e as palavras fedem.

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