terça-feira, 27 de dezembro de 2011

HOJE É UM DIA FESTIVO


O corpo inerte
estirado no solo frio,
o corpo úmido.
Era uma data festiva.

Nem sentia o clima festivo
que a data exigia.
Esmoreci de viver
como quero.
A desmotivação me venceu
por completo, por isso estou
procurando um meio
de como continuar seguindo.
Hoje é um dia festivo,
um dia, pra mim
só um dia.
Eu ogerizo dias festivos.

quinta-feira, 22 de dezembro de 2011

NATAL


Nozes e perus
enchem os papos famintos
da infinita parentada
que invade a mesa e disputa
pelo melhor pedaço da ave já finda,
e quase que com as mãos
vira no prato o arroz com lentilhas,
e mata a salada,
e suja a mesa,
e quebra castanhas,
e engolem figos.
Fogos em viva de aleluia,
rolhas voam no ar
em banhos de champagne.
As crianças ao pé do presépio
aguardam a chegada de Noel.
Trocam presentes,
falsos abraços,
falsos beijos
e comemoram.
Comemoram o que mesmo?
E se esquecem de que Jesus menino
já nasceu pra nos salvar.

sábado, 17 de dezembro de 2011

A PRETA DO ESPETINHO DE CARNE


A preta de pelos no queixo
vendia espetinhos de carne.
Sempre de lenço na cabeça
escondendo a nuca curta.
A preta na feira
vendendo seus espetos,
fez parte dos domingos de minha infância.
A infância já se foi,
a paisagem toda já mudou;
a preta do espetinho de carne
continua lá.

terça-feira, 13 de dezembro de 2011

MUSA DOS BANHEIROS


Bonita.
Tão linda que sua beleza até parece inacabável.
Fruto da imaginação dos meninos adolescentes,
musa dos banheiros,
das fantasias criadas embaixo do chuveiro.
Já cansou o braço de muita gente,
já cansou o meu também.
Nos exercícios diários, escondidos
e longe dos outros.
Seu corpo excita, atiça.
Peito, bunda.
Já marcou outra lipoaspiração.
Vai ao salão de sempre em sempre, a cara bem pintada,
já comprou um nariz novo.
Silicone, silicone,
estica, estica,
esconde, esconde,
sorria pra foto, sorria pra foto,
estética, estética.
Superficial super star.
Armou outro escândalo,
saiu de biquíni na TV. Que tesão!
Pousou nua pra capa da playboy. Que loucura!
Revista folheada, refolhada,
por acidente duas ou três páginas coladas.
Que delícia apalpar com os olhos.

sábado, 10 de dezembro de 2011

AIS


Careta na cara
Careta de fome
A fome dá dor
A dor nos acaba

Ai de nós todos
Ai de meu céu seco
Ai de pai
         mãe

Ai desses dias
Ai dos que gritam ais
Ai meu Deus
Ai de meus ais
Ai de mim

Careço de carecer
que alguém se compadeça

O corpo é teimoso e
esmorecendo sobrevive

Aprendi a viver
com as moscas que me rodeiam
o corpo
até falta me faz se a barata
não vem me beijar o canto da boca

quarta-feira, 23 de novembro de 2011

MASTURBAÇÃO E S



Sou uma macieira verde
Lançando suas sementes ao vazio
Matando
Os frutos apodrecem verdes
Sementes no ar
Sem o fecundo germinar

domingo, 20 de novembro de 2011

FRAGMENTOS DE UM EU TODO RETORCIDO


Espalhafatoso
Escandaloso
Esquisito
Excêntrico
Débil
Gosto por barulho
Por barulho
Amor
Cor
Flor
Amarelo
Violeta
Um abraço para todos
Muitos beijos
Muito carinho
Simpatia
Ousadia
Insanidade
Um jeito meio sensível
Uma presença inconfundível
Um requebrado meio mais ou menos
Uma cabeça de explosão
De mil coisas
Viver a vida
Como se a vida toda
Fosse um minuto
A vida
Carência por atenção
Sonhos
Realizações
Sensações
Emoções
Verdade
Mentira
Nua e crua
Uma mulher nua
Um cara de gravata
Um livro bom
Um bom gosto
O teatro de Brecht
Senso crítico
Sensualismo
Ridicularismo
Escolher uma tribo
Escolher um estilo próprio
Se maquiar muito bem
Para uma boa
Apresentação
A idade que vai
O gosto pelo sem gosto
Frutas tropicais
Um país tropical
Muitas bananas
Mangas laranjas
Jaca caju limão
Uva abacate melão
Melancia jabuticaba
Jabuti já                                                                                      
Cravos da índia
Para mascar
Canela em pau
Em pó
Orégano
Muito orégano
O cheiro de um bom baião de dois
Muita festa
Música cantar
Viva o conforto
O contato humano
Orgasmo sem transa
De dia de noite
A cama
A grana
Muitos canalhas
Muitos amigos
Uma vaga no estacionamento
Lamento
Perda de memória
Perda de dinheiro
Muito talento
Pouco talento
Ta lento
Perda de... de...
Ah!

sábado, 19 de novembro de 2011

terça-feira, 15 de novembro de 2011

OS DUENDES BROTAM DO CHÁ DE COGUMELO



Eu não acredito em fadas.
Acho que os duendes surgem do chá de cogumelo.
Seria esse o portal para o real e o irreal?
Novo mundo paralelo.

domingo, 13 de novembro de 2011

AUTO-ANÁLISE II


Nas horas vagas me divirto com qualquer diversão
Quando não há diversão e o tempo não passa, reclamo
Rio de mim mesmo com os outros. Não namoro
Porém às vezes, raramente, procuro uma aventura de minutos

Quando quero não sou engraçado
Mas todo o tempo que não quero ser, sou

Algumas vezes rio sem motivo, mas nunca sozinho
Estudo, mas não sou fã. Crio minhas pirações que almejo serem vistas
O que deixei de viver agora é por estar vivendo outras coisas
As chances que perdi, só perdi por não ser onipresente e só poder realizar um afazer de cada vez                                                                                
Amores inalcançados. Já tive vários tipos de amores, só não tive sexo

O sexo quando acontecer, ou vicio ou pego nojo

sábado, 5 de novembro de 2011

AUTO-ANÁLISE


Nas horas vagas sofro,
Quando não sofro rio,
Quando não rio não namoro,
Não brigo, quase não me divirto.

Apatetado, meio mané
Imbecilóide. Não sirvo para muito.

Algumas vezes faço graça,
Nas outras me lamento
De coisas não vividas,
De chances perdidas,
De amores inalcançados.

Amores que deixei passar.

domingo, 30 de outubro de 2011


RECEITA DE COMO UMA LOIRA OXIGENADA FICAVA RICA NOS ANOS 90


1º) Entre para uma banda de Axé.

2º) Iniciada a fama, trate logo de pousar nua para uma revista masculina, num ensaio fotográfico bem escancarado.

3º) Namore um pagodeiro de sucesso.

4º) Rompa, inexplicavelmente, seu relacionamento com o pagodeiro. (Não se esqueça de causar muita polêmica e escândalos, indo a programas sensacionalistas).

5º) Após juntar algum dinheiro, faça uma pequena “reforma” em seu corpinho, mantendo algumas formas ainda originais (cuidado para não exagerar).

6º) Pose novamente para uma revista masculina, para exibir o novo corpo. O ensaio fotográfico deve ser dessa vez um pouco mais comportado, no entanto, não deve perder a ardência.

7º) Vá a um programa de televisão, (desses que passam aos domingos) e conte sua miserável vida de pobreza, de quando você vendia risole na praia pra ajudar a mãe doméstica, a tia com labirintite, o avô doente e os oito irmãos mais novos, mostrando que quem vê bunda não vê coração.
8º) Torne-se independente e inicie uma carreira solo, após estrelar sua carreira como apresentadora, porém como cantar não é seu forte, dê sempre mais ênfase para seu corpo nas coreografias.
9º) Agora, já com uma boa grana, faça uma recauchutagem geral. Ponha silicone, botox, corte onde for preciso, estique o que estiver enrugado, puxe, arranque o que estiver sobrando, esconda se necessário.
10º) Com o visual totalmente repaginado, fazendo o tipo madura e gostosa, pose novamente para uma revista masculina. O ensaio deve ser dessa vez muito mais sensual do que pornográfico.
11º) Case com um cantor de Axé que seja rico e bonitão (não há problemas se esse cantor for ex-vocalista da banda de Axé que você iniciou a carreira), invente uma história romântica e finja ter com ele uma vida conjugal feliz.
12º) Engorde e tenha filhos.
13º) Dedique sua carreira somente para as crianças, cantando temas infantis que mais parecem para crianças retardadas.

14º) Fique frustrada e caia nas drogas, passe um tempo longe da mídia, fuja e agrida alguns repórteres, e, se possível, tente suicídio.
15º) Torne-se evangélica, empenhe-se em apagar seu passado e jure só se dedicar a Deus e a carreira gospel (NÃO CUMPRA).
Junho, 2009

sexta-feira, 28 de outubro de 2011

ODE AO PODRE





Esse poema nasceu num restaurante



Vede que sábias
são as bactérias,
que não precisam de sexo nem de dias
para se multiplicarem.
Vede que superiores
são os vermes
que cedo ou tarde sempre acabam por nos devorar.
Vede que vida carrega
o estrume e os seres decompostos
que adubam a terra e fazem crescer as plantas.
Vede que benefício há no vômito,
que depois de vomitado nos traz alívio.
Vede a remela, o catarro, o pus,
coisas pegajosas e úteis do nosso corpo
(que minha avaliadora sabiamente
propôs que fosse tema para um novo assunto).

Varejeiras pousam em nossas comidas,
micróbios habitam nosso corpo.
Bebamos a água infectada
por toda porcaria existente.

O verdadeiro sentido está na podridão e na eiva,
nesse lugar onde mentes são imundas
e as palavras fedem.

sexta-feira, 21 de outubro de 2011



CANÇÃO PRA SE CANTAR EM VELÓRIO


Eis aqui um desgraçado
de seu corpo libertado.
Tomará o rumo exato
que Deus lhe deu de fato.

Eis aqui o corpo vazio
desse velho tão vadio.
Eis aqui a cova rasa e fria
pra esse defunto que jazia.

Eis aqui a carne podre a feder,
esse resto decomposto, difícil de se ver.
Eis aí a farta refeição
pra vermes da terra e de seu corpo em porção.

Se em vida não serviu
que sirva de adubo para a terra que o recebeu e um dia o pariu.

sábado, 15 de outubro de 2011


Festinha de aniversário com gostinho saudosista!!!
Eu sou o de Chapolin Colorado, para mim ser o mais ridículo é vital!

domingo, 9 de outubro de 2011

BANHEIRO 70



Sinto-me fora de meu tempo
quando entro naquele banheiro.
Banheiro anos 70, eu acho,
com um clima meio psicodélico.

Banheiro com azulejos descascando
(azulejos rosas),
pia larga e com duas maçanetas,
torneira já enferrujada,
saboneteira de louça embutida na parede.
Onde fica o rolo de papel higiênico
também era de louça e embutida na parede,
o armarinho de aço também embutido na parede.
(Talvez eles embutissem tudo na parede
na tentativa de segurar o tempo).
Pia cor-de-rosa,
saboneteira cor-de-rosa,
papeleira cor-de-rosa,
privada cor-de-rosa.
Descarga redonda Hydra,
chuveiro com teias de aranha
e incômodas goteiras
com seu plim, plim familiar
da água pingando no piso frio.
Box com cortina,
um ralo embaçado,
pentelhos no sabonete,
xampu contra caspa,
creme para barba Bozzano.
A lâmpada fraca dentro do globo,
ganchos para toalhas listradas,
cheiro de defeco humano,
rodo, pano, bucha, esfregão.
Lâminas para barbear
e uma lixeira quadriculada.

terça-feira, 4 de outubro de 2011



ELA VEM


Ela vem nua.
Como é linda sua...

Seus cabelos cobriam
seus seios firmes e empinados.
Tão redondos eles eram.

A pele jambo, lisa, perfeita.
Curvas perigosamente tentadoras.

As maçãs róseas de seu rosto,
(que vontade de morder aquelas maçãs).

Olhos cor de avelã,
olhos provocantes que me faziam delirar.

Os cabelos que lhe caiam nos ombros
eram de um liso perfeito e de
perfume sem igual.

quarta-feira, 28 de setembro de 2011

QUEDÊ MINHAS TETAS CHEIAS DE LEITE


Queria dar
muito mais de meu leite
para vocês,
mas não posso.

Leite é matéria branca,
bebida carinhosa e honesta,
perfeita e limpa, simples,
símbolo maior da maternidade.
O leite é bom, porém, não é constante,
por isso seca.

Espremo minhas tetas,
agora estou espremendo minhas tetas
e oferecendo a vocês
essas últimas gotas.

Agora a mim e a vocês que me lêem
só nos resta esperar.
Esperar...
esperar até que uma nova inspiração
me fecunde novamente.
Não que me fecunde apenas o ventre,
terei o corpo por inteiro fecundado
como se eu fosse apenas útero, e
nesse útero hão de caber todas as minhas crias.

Assim mais uma vez, me brotará o leite,
com as tetas cheias e transbordantes
de leite novo, limpo e bom
eu poderei alimentá-los outra vez.
Cuidarei para que pessoas más
não venham sugar de meu leite
sem digeri-lo corretamente, fazendo dele leite ruim.

Esse leite que é a poesia.

quarta-feira, 21 de setembro de 2011

GRITO DA NOITE



Grito da meia-noite,
Assobio no mato.
Um assobio contínuo no ar,
Uma risada maléfica vinda do nada,
Um vulto negro no negro da noite.
Um grito que apavora,
O grito do caipora.
Macumba lerê,
Encruzilhada de esquina,
Mandinga de floresta,
De mata fechada.
Despacho, vela acesa.
Água do mar, sal grosso, areia branca,
Charuto, pólvora, um gole pro santo.
Fumaça que sobe,
Um cheiro de enxofre,
O tinhoso a espreitar
Com olhos de fogo,
Com chifres de touro,
Com patas de bode,
Com língua de serpente,
Catinga e bafejada que só dele é.
Mistérios entre céu e inferno
Esbarram na Terra.
Suspiro da meia noite,
Maldição trazida pela noite,
Faísca no mato.
Valha-me pai!
Credo e cruz!
Livrai-nos desse mau agouro
Que o Demo não pode pegar!
Banho de arruda,
Gole de água benta,
Ritual de descarrego.
O filho bastardo que fique da minha porta pra fora.
São duas da madrugada,
Rezo pro divino
Reza brava,
Chega a esperança
Em forma de
Anjo luzindo.

terça-feira, 20 de setembro de 2011

SIMPLICIDADE



Queria não me preocupar tanto
E definir a maioria dos males
Com a simplicidade de meu bisavô
Dizendo:

Isso é moléstia ruim!

domingo, 18 de setembro de 2011

A ARTE NUA



O teatro e o cinema nacional dos idos anos 70 e 80 é que tinham razão. Os atores, na maioria das cenas, apresentavam-se nus, pregando uma forma natural de vida. Era a maneira mais sóbria, sábia e bela de pregar a libertação da forma, a mais bela forma de manifestação artística numa época de burra repressão.
Glória aos cabides abarrotados de roupas e outros tantos acessórios, glória às luvas fora das mãos, as meias fora dos pés, aos sapatos na sapateira, glória às roupas íntimas queimando na fogueira! Chega da formalidade das gravatas! Lugar de roupa é no armário, nos guarda-roupas, nas araras das coxias dos palcos. O corpo clama por sua libertação, o corpo por ele só, ao se ver livre e expressivo gritaria: vitória, é a vitória!
As cenas de nudez não deveriam ser censuradas; censurá-las não faz sentido, o que deveríamos censurar são as cenas em que os atores aparecem vestidos.
A luz do palco resolve tudo. Não existe um corpo nu que não fique sensual e provocante embaixo de uma meia luz. A meia luz corrige as formas, valoriza, modela.
Se querem mesmo proibir o corpo, que proíbam também as descomunais estátuas gregas que revelam tudo e não chocam a ninguém e não são censuradas para menores ou adultos (apenas os formidáveis estatuários gregos que alcançaram a façanha de expor o nu de forma pura e ingênua).
Os gregos medievais... Ah, os gregos medievais é que sabiam viver livres de roupas! Os gregos medievais... A Grécia era só beleza. Até mesmo suas guerras eram um espetáculo digno de público, digno do mais refinado público com seus guerreiros em suas armaduras que não escondiam os principais documentos da anatomia, deixando à mostra as partes que nos dão identidade.

sábado, 17 de setembro de 2011

QUERO DESCOBRIR A BELEZA OCULTA



Quero antes as feias.
As feias sim que carregam
a verdadeira beleza.
As belas pensam que são,
(mas não são)
são de todo dissimuladas
e se sentem acima
e se sentem mais.
Além de tudo é difícil de segurar,
pois lhe seguem mil homens
com as mais variadas juras e promessas.
Mal sabem que a idade
levará o que tem de belo.

Quero uma feia, para a cada dia
descobrir sua beleza oculta.

quinta-feira, 15 de setembro de 2011



VÍ SEU NOME NUM LETREIRO DE NEON

A Cacilda Becker & Bibi Ferreira


Uma mulher
mil em uma,
uma mulher em plural.
Rainha do drama,
dos palcos,
das casas noturnas,
dos palhaços solitários.
Alegre ou triste,
grande ou pequena.
É grande sim, imensamente grande.
É o espetáculo da noite,
ou das manhãs,
ou tardes.
Um plural. Sim!
Um plural de figuras,
de personagens.
A cultura nacional,
a que prende a atenção da gente
e nos emociona
ou nos faz rir,
chorar, ter medo, ódio,
nos excita com sensualidade.
O mito dançante
talvez em repouso em cima do palco.
Ela e o palco... um só.

segunda-feira, 12 de setembro de 2011

ÚTERO DE PANO


Elas, bonecas de luxo,
vivendo no lixo.
Elas, sem qualquer futuro,
para elas tudo é tão sofrido e obscuro.

Feias, lindas donzelas,
frágeis, de vidro, são belas.
De porcelana, com recheio fino
ou estopa. A se desenvolverem como um girino.

São bonecas de pano.
Será que me engano?
Ainda não tem idade de gente.
Delicadas, como penduricalho de fino pingente.

São bonecas para olhar,
não para tocar,
não para desejar,
quanto menos para se comprar.

Menina boneca, desfaz o encanto,
descarta a beleza de ser o que é. Disfarça o pranto.
Agride sua forma. Forma que se vai.
Deixam de ser bonecas para serem fantoches! Em nome delas falai.

Dolorosamente se rebaixam
a bonecas de vitrine.
Adultos as alugam para brincarem o quanto podem. As esculacham.
Cuidado! A boneca vai se quebrar!

sexta-feira, 9 de setembro de 2011



NONSENSE RIDÍCULO


Não quero baratas em meu jardim
Não quero baratas em meu jardim
A senhora não se faz compreensiva
Recolham-nas, recolham-nas todas
Era a vez de eu reagir
Vou teimar e entender
Aqui estão as baratas
Ótimo! Espalhem-nas em meu jardim
Mas senhora...
Já disse. Quero-as perto das roseiras
Mas que linda mesa posta para o jantar
Vamos cear? Não? É preciso esperar a meia noite?
Ótimo, só mais uma taça de conhaque de alcatrão
Desculpe-me, mas vou recusar, não quero a sobremesa
Há um sapo em meu quarto
Acredite, não adiantou, já está todo cheio de baba e continua sapo
Havia uma escada ali que não dizia pra onde ia
Então eu desci, confesso que isso é novo
Quando sair do banheiro será tarde
E isso era mesmo uma coisa digerível
Senhora peço que compreenda, o café está posto e já esfria
Da manhã. Café da manhã? Não, tarde
Cinco da matina
A madrugada tem gosto diferente do resto do dia
Acordada de madrugada as pupilas crescem
E acordei com uma pele linda depois de ter dormido a noite toda
Por enquanto vou tentar me acordar
Por favor, vista-se senhora, que agora é a vez do real
Ele não veio?
Vou tomar o café

quinta-feira, 8 de setembro de 2011

MULHERES



O tempo que castiga a beleza
em forma de mulher,
é o mesmo que da árvore
encerra o verde e traz
a cor do luto encerrando
sua agradável utilidade e presença.
O tempo que não perdoa
a face rósea e lisa de dourada penugem
só não lhe tira seu poder
de domínio e controle fatal
sobre os homens frágeis e
despreparados para viverem sem elas.
Elas que se rasgam na dor do parto,
com os seios nos alimentam
cuidando e protegendo.
Elas que na adolescência nos
ensinam o coito,
ensaio para uma provável
vida matrimonial.
Não sabemos conquista-las,
muito menos amá-las.
Mesmo assim se fingem
de satisfeitas e fingimos
que os dominantes somos nós.
O espinho já nasce pontiagudo,
o espinho de pequeno já sabe espetar.
A mulher de menina
já sabe mandar.

quarta-feira, 7 de setembro de 2011

RECOLHO MEUS PEDAÇOS NO CHÃO


  
Vejo-me fragmentado no chão,
recolho os meus pedaços,
colo os cacos e, lentamente,
os reúno e os converto em palavras
que hora te deixo entender,
horas as faço só minhas.
Junto o que posso do que sobrou
de mim, aos poucos faço torna-los
um novamente. Mesmo que quando me olhe
não veja a figura costumeira
de todos os dias, mas sim
um eu todo retorcido.
Sempre sobrará um naco perdido no ar,
uma lasca, uma parte insignificante
que me torna incompleto.
E assim vou
esperando, esperando,
procurando, procurando,
entrando em lugares,
vendo, fazendo coisas,
correndo, olhando, chamando,
procurando insistente,
em busca do que faltou de mim.

segunda-feira, 5 de setembro de 2011

LEITE QUENTE





Alguns minutos preciosos
Finalmente só em casa

Cadê o filme pornô?
Corpo trêmulo
Bota o filme pornô
Pênis pêndulo

Não pensa em nada
Tem pouco tempo
A mão embalada

Depois de três minutos
A porra jorra
E limpa a mão no sofá da avó

domingo, 4 de setembro de 2011

SÓ UM





Você foi embora,
Teu amor não durou
Mais que um dia.
Me iludiu,
Da minha cegueira
Você riu.
Caí em teu canto
De sereia maldita.
Bebi do teu veneno
De cobra criada,
Mulher gelada.
Foi um,
Só um dia.
E ainda guardo
O afago,
O braço,
O abraço,
O fracasso
Desse amor,
Falsa alegria.
Foi tudo
Tão denso,
Tão intenso,
Tão imenso.
Eu lhe arrastava
Flor, por teus cabelos
E me cravavas as unhas
Em minhas costas largas
Até sangrar
E lambia
A ferida.
Foi um,
Só um dia.
Ainda me machuca
Quando penso em
Tua nuca,
Teus olhos,
Boca, saliva escorrendo,
Tuas ventas abertas,
Tua língua áspera,
Tuas pernas mal raspadas,
Teu buço,
Teu impulso
De vadia
E vai o dia.
E já nem lembro
Do seu rosto,
Sua maquiagem
De mal gosto,
De rua.
Seu jeito de dizer
Crua e nua a verdade
E as mentiras que dizia
Para que me sentisse desejado.
Você foi embora,
Levou meu dinheiro,
Meu apego,
Meu sossego,
Meu emprego,
Os meus dias.
Foi um,
Só um dia.
Nada mais,
Só um dia
Na noite fria.
Eu otário solitário
Caí em tua teia
De viúva negra.
Se vestiu de santa,
Se mostrava toda
E depois de novo
Se recolhia
E se fechava,
Me provocava,
Me acendia,
Me enfeitiçava
E me domava
No teu corpo
Suado e quente.
Foi um,
Só um dia.
Você, murcha flor
Que se despetalou
E se foi no vento
E deixou seu cheiro,
Lembrança daquele dia.