quarta-feira, 21 de setembro de 2011

GRITO DA NOITE



Grito da meia-noite,
Assobio no mato.
Um assobio contínuo no ar,
Uma risada maléfica vinda do nada,
Um vulto negro no negro da noite.
Um grito que apavora,
O grito do caipora.
Macumba lerê,
Encruzilhada de esquina,
Mandinga de floresta,
De mata fechada.
Despacho, vela acesa.
Água do mar, sal grosso, areia branca,
Charuto, pólvora, um gole pro santo.
Fumaça que sobe,
Um cheiro de enxofre,
O tinhoso a espreitar
Com olhos de fogo,
Com chifres de touro,
Com patas de bode,
Com língua de serpente,
Catinga e bafejada que só dele é.
Mistérios entre céu e inferno
Esbarram na Terra.
Suspiro da meia noite,
Maldição trazida pela noite,
Faísca no mato.
Valha-me pai!
Credo e cruz!
Livrai-nos desse mau agouro
Que o Demo não pode pegar!
Banho de arruda,
Gole de água benta,
Ritual de descarrego.
O filho bastardo que fique da minha porta pra fora.
São duas da madrugada,
Rezo pro divino
Reza brava,
Chega a esperança
Em forma de
Anjo luzindo.

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