domingo, 4 de setembro de 2011

SÓ UM





Você foi embora,
Teu amor não durou
Mais que um dia.
Me iludiu,
Da minha cegueira
Você riu.
Caí em teu canto
De sereia maldita.
Bebi do teu veneno
De cobra criada,
Mulher gelada.
Foi um,
Só um dia.
E ainda guardo
O afago,
O braço,
O abraço,
O fracasso
Desse amor,
Falsa alegria.
Foi tudo
Tão denso,
Tão intenso,
Tão imenso.
Eu lhe arrastava
Flor, por teus cabelos
E me cravavas as unhas
Em minhas costas largas
Até sangrar
E lambia
A ferida.
Foi um,
Só um dia.
Ainda me machuca
Quando penso em
Tua nuca,
Teus olhos,
Boca, saliva escorrendo,
Tuas ventas abertas,
Tua língua áspera,
Tuas pernas mal raspadas,
Teu buço,
Teu impulso
De vadia
E vai o dia.
E já nem lembro
Do seu rosto,
Sua maquiagem
De mal gosto,
De rua.
Seu jeito de dizer
Crua e nua a verdade
E as mentiras que dizia
Para que me sentisse desejado.
Você foi embora,
Levou meu dinheiro,
Meu apego,
Meu sossego,
Meu emprego,
Os meus dias.
Foi um,
Só um dia.
Nada mais,
Só um dia
Na noite fria.
Eu otário solitário
Caí em tua teia
De viúva negra.
Se vestiu de santa,
Se mostrava toda
E depois de novo
Se recolhia
E se fechava,
Me provocava,
Me acendia,
Me enfeitiçava
E me domava
No teu corpo
Suado e quente.
Foi um,
Só um dia.
Você, murcha flor
Que se despetalou
E se foi no vento
E deixou seu cheiro,
Lembrança daquele dia.

Nenhum comentário:

Postar um comentário