segunda-feira, 12 de setembro de 2011

ÚTERO DE PANO


Elas, bonecas de luxo,
vivendo no lixo.
Elas, sem qualquer futuro,
para elas tudo é tão sofrido e obscuro.

Feias, lindas donzelas,
frágeis, de vidro, são belas.
De porcelana, com recheio fino
ou estopa. A se desenvolverem como um girino.

São bonecas de pano.
Será que me engano?
Ainda não tem idade de gente.
Delicadas, como penduricalho de fino pingente.

São bonecas para olhar,
não para tocar,
não para desejar,
quanto menos para se comprar.

Menina boneca, desfaz o encanto,
descarta a beleza de ser o que é. Disfarça o pranto.
Agride sua forma. Forma que se vai.
Deixam de ser bonecas para serem fantoches! Em nome delas falai.

Dolorosamente se rebaixam
a bonecas de vitrine.
Adultos as alugam para brincarem o quanto podem. As esculacham.
Cuidado! A boneca vai se quebrar!

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