domingo, 18 de setembro de 2011

A ARTE NUA



O teatro e o cinema nacional dos idos anos 70 e 80 é que tinham razão. Os atores, na maioria das cenas, apresentavam-se nus, pregando uma forma natural de vida. Era a maneira mais sóbria, sábia e bela de pregar a libertação da forma, a mais bela forma de manifestação artística numa época de burra repressão.
Glória aos cabides abarrotados de roupas e outros tantos acessórios, glória às luvas fora das mãos, as meias fora dos pés, aos sapatos na sapateira, glória às roupas íntimas queimando na fogueira! Chega da formalidade das gravatas! Lugar de roupa é no armário, nos guarda-roupas, nas araras das coxias dos palcos. O corpo clama por sua libertação, o corpo por ele só, ao se ver livre e expressivo gritaria: vitória, é a vitória!
As cenas de nudez não deveriam ser censuradas; censurá-las não faz sentido, o que deveríamos censurar são as cenas em que os atores aparecem vestidos.
A luz do palco resolve tudo. Não existe um corpo nu que não fique sensual e provocante embaixo de uma meia luz. A meia luz corrige as formas, valoriza, modela.
Se querem mesmo proibir o corpo, que proíbam também as descomunais estátuas gregas que revelam tudo e não chocam a ninguém e não são censuradas para menores ou adultos (apenas os formidáveis estatuários gregos que alcançaram a façanha de expor o nu de forma pura e ingênua).
Os gregos medievais... Ah, os gregos medievais é que sabiam viver livres de roupas! Os gregos medievais... A Grécia era só beleza. Até mesmo suas guerras eram um espetáculo digno de público, digno do mais refinado público com seus guerreiros em suas armaduras que não escondiam os principais documentos da anatomia, deixando à mostra as partes que nos dão identidade.

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