segunda-feira, 23 de julho de 2012

ACABE



Acabe comigo o tempo,
acabe comigo o vento,
arranhem-me os violinos,
implantem-me lábios postiços,
arranquem-me as unhas,
encravem-nas em meus olhos,
arranquem-me o nariz,
costurem-no em minha testa,
arranquem-me as tripas,
façam delas enfeites de natal,
arranquem-me os lábios,
façam deles um belo sorriso,
arranquem-me os dentes,
façam uma dentadura nova,
arranquem-me as orelhas,
pendurem novos brincos,
arranquem-me os cabelos,
tirem o meu couro cabeludo,
rachem minha cabeça,
me agarrem, me queimem.
Minhas cinzas
se foram no vento e voaram.

Agarrem-lhe vivo ou morto,
agarrem-lhe corpo morto,
agarrem-lhe corpo tosco.

Eia filho da...
da que é sem nome,
cobra criada,
vai se foder.

A puta pariu mais um
                             dois
                              três
                             quatro
                             cinco...

Fizeram lavagem cerebral no artista,
derrotaram o artista, não deram vaias ao artista.

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